sexta-feira, 13 de maio de 2011

Nobel da Paz deixa banco de microcréditos após batalha judicial

O bengalês Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz de 2006, anunciou sua saída do banco de microcréditos Grameen Bank, após perder a batalha judicial contra sua destituição, decidida pelo Banco central.
"Renuncio ao posto de diretor-executivo. Dou este passo com independência da luta legal no Supremo, e para prevenir transtornos na atividade do Grameen Bank", afirmou Yunus em mensagem postada na noite desta quinta-feira em seu site. "Espero que o Grameen Bank continue suas operações, mantendo sua independência e personalidade sob seus preceitos", acrescentou.Pouco antes, o ministro de Finanças bengalês, A. M. A. Muhith, anunciara que a vice-diretora do Grameen Bank, Nurjahan Begum, assumiria de forma temporária, e que o substituto de Yunus seria nomeado em três meses, informou o diário The Daily Star nesta sexta-feira.O anúncio de Yunus, de 70 anos, põe um fim à queda de braço travada com o Banco Central de Bangladesh, que decidiu destituí-lo em 2 de março.O economista e seu banco recorreram nos tribunais, que referendaram a decisão do Banco Central, apoiada pelo governo bengalês.Em sua intervenção de ontem, o ministro das Finanças assegurou à imprensa que procura dar ao "banqueiro dos pobres" um tratamento "honorável".Fontes de sua entidade consideram que a decisão de afastar Yunus da chefia do Grameen Bank obedece a uma manobra do Governo para se desfazer do ativista, submetido nos últimos meses a uma campanha de desprestígio.Desde o fim de 2010, Yunus, conhecido como "banqueiro dos pobres" e agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2006, manteve uma disputa pública com as autoridades devido a um documentário da uma emissora norueguesa que denunciou uma suposta transferência ilegal de fundos entre duas entidades do Grupo Grameen.Em 25 de abril, o Governo de Bangladesh reconheceu que o banco não incorreu na irregularidade denunciada pelo documentário, baseando-se nas conclusões do comitê de especialistas nomeado em janeiro para examinar suas atividades.A cena política bengalesa é dominada há duas décadas pela atual primeira-ministra, Sheikh Hasina, e a agora opositora Khaleda Zia, duas herdeiras de dinastias políticas que viram com maus olhos que Yunus tentasse abrir uma terceira via com a formação de um partido antes das eleições de 2008.O Grameen Bank ("banco da aldeia"), criado em 1983, emprega hoje 19,8 mil pessoas em 2.564 filiais e concedeu créditos a quase 8,3 milhões de bengaleses de 81.367 aldeias de todo o país, a imensa maioria mulheres, segundo o próprio site da entidade.

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