sexta-feira, 15 de abril de 2011

Virada Cultural: turismo sem investimento privado

 

Festival, que não tem patrocínio, atrai visitantes de todo o Brasil e da América Latina

A Virada Cultural, sequência de 24 horas ininterruptas de atrações gratuitas espalhadas pela cidade de São Paulo, acontece neste final de semana, com início marcado para as 18h de sábado. Realizada pela parceria formada entre a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o SESC e a Secretaria de Estado da Cultura, a Virada espera mais de quatro milhões de pessoas para acompanhar mil atrações nacionais e internacionais.

Entre os artistas brasileiros que se apresentarão estão nomes consagrados da música nacional, como Rita Lee, Paulinho da Viola, Erasmo Carlos, Dominguinhos, Eumir Deodato, além de novos talentos, como Duani, Cibelle, Thaís Gullin e Rumpilezz. Destacam-se também a performance da banda Sepultura, que se apresentará junto com a Orquestra Experimental de Repertório, do maestro Jamil Maluf, e a apresentação da banda brasileira Beatles 4Ever, que irá tocar todos os álbuns dos Beatles, em sequência, ao longo da programação.

Nenhuma empresa, porém, está por trás da vinda dos artistas que participarão do festival. Não há sequer R$ 1 de investimento particular na Virada Cultural. Ao contrário disso, 100% dos R$ 8 milhões saíram dos cofres públicos. "Surgiu uma ideia de que a cultura se desenvolve apenas se estiver ligada a marcas privadas. Nós fugimos à regra. É de nosso interesse realizar um evento com a marca do governo, dar a sensação ao povo de que ele pagou por essa festa e pode usufruir dela", afirmou o diretor da Virada Cultural, José Mauro Gnaspini.

Evento de rua, algo raro na cidade de São Paulo, a Virada Cultural vem mostrando-se um importante atrativo turístico. Em 2010, 330 mil pessoas que não residem na cidade compareceram ao evento.

"Muitos ônibus de excursão vêm para São Paulo. A maioria é do interior de São Paulo e estados próximos, mas há também visitantes de outros países, principalmente da América Latina", disse Gnaspini. Segundo ele, nenhuma campanha é feita para atrair turistas especialmente para a Virada. "A única campanha que tem sido feita é boca a boca".

Inspirada na Nuit Blanche, evento voltado para as artes visuais que acontece em algumas cidades europeias, a Virada promete atrações de todos os tipos. Apesar de o carro-chefe do festival ser a música, exibições de luta livre, stand-up comedies, saraus literários e exposições também fazem parte do programa. Será feito, inclusive, um passeio noturno com lanternas, na região da Cracolândia.

O diretor do evento afirma que ações como essa são importantes para que os paulistanos passem a conhecer melhor o local onde vivem. "Esse é um momento para as pessoas conhecerem a cidade de São Paulo. Ninguém mais visita certas áreas do centro, a não ser quando é realmente necessário. Esses passeios fazem parte de uma revitalização simbólica de locais abandonados, como a própria Cracolândia".

Esta edição da Virada, que é a sétima seguida, mobilizará todo o centro velho de São Paulo. O trânsito será fechado para veículos, estimulando o público a comparecer utilizando o transporte público. As linhas do metrô e do trem funcionarão de forma ininterrupta durante as 24 horas do evento, enquanto os ônibus irão operar em esquema especial de circulação. A cidade contará também com praças de alimentação espalhadas entre as atrações e com um esquema especial de segurança das polícias Militar e Civil e da Guarda Civil.

A programação completa pode ser encontrada em www.viradacultural.org.

 

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