quinta-feira, 24 de março de 2011

TV 3D no mundo e no Brasil: o que falta para 'estourar'?

Depois do maior sucesso de bilheteria da história do cinema, Avatar, de James Cameron, as companhias de tecnologia têm investido pesado no desenvolvimento e na produção de equipamentos que gravem e que reproduzam em três dimensões. Nesse cenário, a televisão deve ser o principal mercado do 3D, caso a tendência de crescimento se confirme. Apesar das "ondas" de 3D do passado, a indústria não teme os investimentos que está fazendo e acredita que, desta vez, a tecnologia vá "estourar".
De acordo com Carlos Paschoal, gerente de Digital Image da Sony, a empresa, que atua tanto no segmento de televisões, de câmeras e em produções cinematográficas, vê este mercado tridimensional como bastante importante, visto que quanto mais câmeras que gravam em 3D forem vendidas, maior deve ser o consumo das televisões que permitem esse tipo de imagem. Somente no Brasil, a Sony teria feito, segundo Paschoal, um investimento de aproximadamente R$ 10 milhões em produção e desenvolvimento dessa tecnologia, sendo que a renda chega a 10% do faturamento total.
A Sony, ainda conforme Paschoal, estima que o mercado brasileiro tenha consumido 200 mil aparelhos 3D no ano passado. Para este ano, a empresa pretende atingir a marca de 700 mil televisores com "visão tridimensional" no Brasil.
Já a Samsung Brasil prevê que em 2011 50% das televisões vendidas pela empresa sejam 3D. Para o ano que vem, a expectativa é ainda mais otimista: na opinião do gerente-sênior de TV da Samsung Brasil, Rafael Cintra, todas as televisões vendidas em 2012 serão 3D. Hoje, o segmento já representa 15% do faturamento total no Brasil, segundo o executivo.
No mundo, segundo um levantamento da ABI Research, consultoria internacional do mercado tecnológico industrial, o número de televisões 3D vendidas deve chegar a mais de 50 milhões até 2015. Em 2010, já chegou perto dos 10 milhões. "O mercado está crescendo mais rápido do que se esperava. Existia ceticismo forte por conta da disponibilidade muito ágil dos produtos", avaliou Michael Inouye, analista do mercado 3D na ABI.
Apesar dessas boas notícias, o sucesso da tecnologia depende de diversos fatores. De acordo com Inouye, os principais itens para a popularização são a diminuição do custo e o aumento da produção de conteúdo. "Os consumidores estão mais conscientes do que se pensa. Mesmo que o preço melhores, as vendas não aumentarão sem produção de conteúdo suficiente", analisa. Um fator importante para a diminuição do custo é a recuperação das economias da Europa e dos Estados Unidos, onde o acesso a produtos industrializados é mais fácil.
Outro problema apontado é a questão dos acessórios. As televisões 3D necessitam de óculos para visualização e normalmente só vêm dois pares de óculos ou três, em alguns casos. Caso o consumidor precise de mais óculos terá de pagar cerca de US$ 30 por unidade. Para Inouye, se a indústria conseguir diminuir significativamente o valor dos óculos ou até conseguir dar o acessório em maior número, será quase certeza da prosperidade dos novos produtos.
Produzir filmes e outros produtos em 3D ainda é considerado caro, mas o custo deve diminuir com o aumento da produção de conteúdo. Já há empresas especializadas na modalidade, como a Digital Entertainment Group, que produz somente filmes em três dimensões. "Estamos cheios de desafios para vencer, mas a visão é muito otimista para os próximos anos", conclui Inouye.

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