terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Com vendas desaquecidas e crédito mais caro, carros estão mais em conta

No início de ano, tradicionalmente, as vendas de veículos costumam ser menores, pois os consumidores estão mais atentos às contas a pagar. Neste ano, as medidas do Banco Central, que limitaram a concessão de crédito para financiamento de veículo a longo prazo, e, por consequência, aumentaram os juros para essa modalidade, fizeram com que a queda sazonal fosse maior que o normal.
Com isso, mesmo sem os modelos de 2012, as concessionárias já promovem descontos e concedem bônus para quem quiser os modelos 2010/2011. “Os consumidores ainda podem encontrar alguns modelos 2010 com ótimos preços, pois, além dos descontos normais aplicados pelas concessionárias, as montadoras oferecem bônus especiais que normalmente são repassados aos consumidores”, analisa o economista da MSantos, Agência de Varejo Automotivo, Ayrton Fontes.
Uma pesquisa realizada pela agência com 15 concessionárias da Grande São Paulo, de quatro grandes marcas diferentes, mostra que todas oferecem algum tipo de benefício ao consumidor. Os descontos chegam a R$ 3,5 mil e os bônus, a R$ 9 mil.
QUEDAS
Os preços menores e as promoções são os instrumentos encontrados pelas marcas para aumentar o escoamento dos veículos. Para se ter uma ideia, Fontes calcula uma queda de 30% a 40% nas vendas de veículos zero quilômetros 1.0. O resultado é que os estoques estão lotados. Os pátios das montadoras, transportadoras e concessionárias estão 68% maiores que o normal: um veículo está demorando 42 dias para sair, sendo que o normal para esse período são 25 dias.
Apesar desse cenário, os dados mais recentes da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram uma recuperação das vendas nos quinze primeiros dias de fevereiro. Ao todo, foram vendidas 101.757 unidades de passeio – número 8,32% maior que o registrado na primeira quinzena de fevereiro de 2010.
“As concessionárias e suas montadoras até agora não têm um plano 'B' para superar a desaceleração que estamos verificando na venda de veículos em nosso País, principalmente nos chamados veículos de entrada 1.0 que, com certeza, continuarão em queda”, diz Fontes.
FINANCIAMENTO
De acordo com o economista, os consumidores que queriam comprar um veículo em 60 vezes estão tendo dificuldades de verem seus pedidos aprovados. Para essa modalidade, nesse prazo, Fontes calcula um aumento de cerca de 30% na taxa de juros. E menos de 5% dos pedidos de financiamento com esse prazo foram aprovados.
“Ainda é possível encontrar concessionárias que oferecem planos de 60 vezes sem entrada com taxas que variam de 1,7% ao mês a 2,3% ao mês, porém, o consumidor de renda entre R$ 2 mil e R$ 3 mil vai encontrar um pouco de dificuldade de concluir o financiamento”, acredita o economista.
Nesse cenário, os consumidores de menor renda são os mais prejudicados, na avaliação do especialista do setor. “As medidas prudenciais anunciadas pelo Banco Central no início de dezembro praticamente expurgaram deste mercado os consumidores de baixa renda que na compra de seu primeiro zero quilômetro mantinham o mercado aquecido através de compra financiada em 60 vezes, sem entrada”.
Se a compra do zero está difícil, os consumidores estão migrando, cada vez mais, para o mercado de usados – mais baratos e mais fáceis de serem comprados por meio de financiamento.

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