segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ford anuncia Focus elétrico e esboça futuro SUV

Neste começo de 2011 a Ford dos Estados Unidos tem alguns bons motivos para comemorar. Em retumbante apresentação à imprensa, feita nesta semana numa arena esportiva anexa ao pavilhão de eventos que recebe o Salão de Detroit, a marca do oval azul surfou na onda da recuperação do segundo lugar em vendas nos EUA – perde da General Motors, mas passou a Toyota – e celebrou publicamente até a recente criação de centenas de novos empregos no país, feito nada desprezível numa economia nacional combalida.



Das três grandes fabricantes automotivas ianques, a Ford foi a única que atravessou a crise financeira iniciada em 2008 sem quebrar (caso da GM) ou ser absorvida por uma companhia estrangeira (caso da Chrysler, hoje “aliada” à Fiat).
As vendas internas da Ford cresceram 19% em 2010, e pela primeira vez desde 2004 um modelo da empresa (Focus) superou a marca de 200 mil unidades. Atitudes aparentemente temerárias, como mostrar ao mundo com meses de antecedência a nova geração de um de seus carros mais importantes (o Focus europeu, que a partir do novo modelo passará a ser fabricado e vendido também nos EUA -- o que explica parte da ousadia), e de em plena investir para consolidar o uso de plataformas globais (como a do New Fiesta), parecem agora fazer mais sentido.

A Ford promete apostar pesado em novas formas de propulsão, e por isso fez do futuro Focus elétrico uma de suas estrelas no Salão de Detroit. Previsto para chegar às lojas locais ainda este ano, juntamente com as versões convencionais a combustão (todas fabricadas aqui no Estado de Michigan), o Focus Electric usa bateria de íon-lítio e é, segundo a descrição da Ford, 100% elétrico, com possibilidade de recarga em tomada de energia comum. Numa estação de 240 V, que deve ser comprada em separado, o processo levará de três a quatro horas. Na tomada de 120 V demora mais, só que a marca preferiu não divulgar quanto.


Também não divulgou, por sinal, a autonomia do Focus Electric, limitando-se a dizer que ela será suficiente para cobrir as necessidades diárias de deslocamento do motorista médio. Os alvos do Focus Electric são o Chevrolet Volt, que conta com um motor a combustão para ajudar na geração de eletricidade -- por isso definido como “carro elétrico de autonomia estendida” (EREV, na sigla em inglês criada pela GM) -- e o Nissan Leaf, este um 100% elétrico que tem na curta autonomia e no longo tempo de recarga um sério obstáculo ao sucesso comercial.


MINIVANS VERDES

Outros dois veículos com propulsão alternativa são as minivans C-MAX Energi (com “i” mesmo, em vez de “y”) e C-MAX Hybrid, cujo modelo de base jamais foi vendido no Brasil. Ambas serão fabricadas em Valência, na Espanha, mas vendidas na Europa apenas em 2013. Aos EUA, chegam um ano antes.

A primeira combina motor elétrico e a combustão, no que parece ser, de acordo com a ainda escassa descrição da Ford, um sistema muito semelhante ao do Volt -- mas com maior autonomia, de 800 km contra cerca de 600 km do hatch da Chevrolet. O motorista pode recarregar a bateria diariamente (por exemplo, em casa, durante a madrugada), mas também pode usar a C-MAX Energi apenas com o motor a combustão. O que, obviamente, não faria o menor sentido.
Já a C-MAX Hybrid não precisa de recarga externa; seu sistema certamente é o mesmo do Fusion Hybrid já vendido no Brasil, em que o motor a gasolina assume a propulsão do veículo a partir de uma certa velocidade, ao mesmo tempo colaborando com a recarga interna da bateria que volta a ativar a propulsão elétrica oportunamente.

Aqui em Detroit não foram citados os preços desses carros. O que foi feito, isso sim, foi destilar ironia para cima do Leaf e (bem menos) do Volt. Uma estratégia agressiva que contou até com a projeção para a imprensa de um filme estrelado pelo dublê de ator (ele é o reaça que vira gay no filme Tudo pode dar certo, de Woody Allen) e ambientalista Ed Begley, defendendo a Ford como o estado da arte em propulsão elétrica.

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