segunda-feira, 23 de julho de 2012

Toyota volta ao topo entre as montadoras


Após recolher 9 milhões de carros com defeito e ter fornecedores destruídos pelo tsunami, a Toyota volta a ser a maior montadora do mundo — será que vai durar?

  Toyota City - Quando assumiu a presidência da Toyota, em junho de 2009, Akio Toyoda, neto do fundador da empresa, sabia que teria pela frente um desafio um tanto espinhoso.
Aos 53 anos de idade, ele ocupava o posto de vice-presidente no que era então a maior montadora do mundo — e foi alçado ao cargo em meio à mais grave crise da história da Toyota, causada por um recall de 9 milhões de automóveis que haviam apresentado problemas primários, como falha nos freios e aceleração repentina.
O número de carros recolhidos superou a produção anual da montadora. Em fevereiro de 2010, Toyoda veio a público pedir desculpas, mas já era tarde. Com a imagem de qualidade abalada, as vendas da Toyota no mundo caíram 15% em 2009, e a montadora, além de ter um prejuízo de 4,5 bilhões de dólares, perdeu a liderança no setor para a General Motors.
Mas o drama de Toyoda não havia chegado ao fim. Em 2011, o tsunami no Japão e as enchentes na Tailândia (que destruíram fábricas de seus fornecedores), aliados à valorização do iene, complicaram ainda mais a situação da Toyota — a ponto de um analista, em tom de piada, dizer que os concorrentes estavam “fazendo vodu” com a empresa.
Mas eis que, ao fim do primeiro trimestre, um número deixou as empresas de automóveis de queixo caído: a Toyota voltou a ser a maior montadora do mundo. Vendeu 2,5 milhões de unidades no período — 330 000 a mais que a rival Volkswagen.
“Tivemos momentos muito difíceis”, disse a EXAME­ Yukitoshi Funo, vice-presidente responsável pelas operações internacionais da empresa, numa entrevista concedida na sede da companhia, em Toyota City, no Japão. “Aprendemos com os nossos erros. Somos uma companhia melhor e mais eficiente. Estamos prontos para retomar a briga.”
Como a volta da Toyota à liderança foi possível? Em resumo, a empresa teve de recomeçar praticamente do zero. Na ânsia de se tornar a número 1, a montadora havia se transformado em um gigante burocrático e engessado — nenhuma decisão minimamente importante podia ser tomada sem o aval da matriz.
Toyoda convenceu-se, então, de que era preciso descentralizar a gestão — e a palavra de ordem na empresa passou a ser agilidade. Tão logo assumiu a montadora, ele eliminou 16 dos 27 postos no conselho de administração, cortou 17 cargos executivos (de um total de 77) e passou a se reunir semanalmente com cinco dos profissionais mais renomados da montadora — além de Funo, que fez carreira na operação americana, também participa da reunião Takeshi Uchiyamada, criador do híbrido Prius, por exemplo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário