sexta-feira, 6 de maio de 2011

Gadgets, tecnologias e provocações para o marketing

 

Pedro Burgos, editor-chefe do Gizmodo Brasil, aponta oito temas que vão mudar o jeito de se trabalhar e ganhar dinheiro. Um dos pontos é o fim da TV como se conhece hoje

O jornalista Pedro Burgos, editor-chefe do Gizmodo Brasil, palestrante do painel "Gadgets & Marketing", realizado na manhã desta quinta-feira, 5, no ProXXIma 2011, tinha consciência de que iria provocar os profissionais do mercado de comunicação que acompanharam sua apresentação. Ele levou ao palco da sala de seminários o tema "Oito tecnologias que vão mudar seu jeito de trabalhar e ganhar dinheiro". Mais do que mostrar os mais recentes "brinquedos digitais", Burgos debateu conceitos e questionou posturas e crenças do marketing digital atual.

O primeiro tema foi QR Code e Bluetooth. "Esqueça isso. O que importa é o Near Field Communication", disse, referindo-se ao que se conhece como NFC. Essa tecnologia permite fazer pagamentos via celular, algo que os japoneses utilizam já há alguns anos. "Há várias maneiras de integrar essa tecnologia com plataforma de vendas e marketing", disse. Um exemplo é que a Nokia lançou um modelo de celular (C7) no qual o game Angry Birds permite a superação de determinadas fases se for disputado com outro usuário portador do mesmo aparelho.

A segunda tecnologia destacada por Burgos é o 3D. "Ele veio para ficar, mas nem tudo vai dar certo. Coloca-se 3D em tudo, da Playboy a Cheetos. Mas há muitas coisas em que o 3D traz pouco valor agregado. Há até filmes que ficam piores com o 3D". O jornalista acredita que os melhores usos estão no esporte. "É claro, a tecnologia tem de melhorar. A TV 3D sem óculos será uma realidade. Na Copa de 2014, já deveremos ver a bola em 3D sem precisar de óculos".

Em seguida, Burgos introduziu o terceiro tema recorrendo a uma famosa capa da revista Wired: "a web morreu". Como ele ressaltou, o uso da internet se modificou muito nos últimos anos. Ou seja, o conteúdo da web tem sido consumido de outras maneiras. "Tem o RSS, o InstaPaper, o TweetDeck. As pessoas mal entram no site".

Para Burgos, a questão da morte da web tem impactos grandes. Isso porque muitas coisas têm sido consumidas nas redes sociais, por exemplo. Mas há outras consequências. "Não vejo TV, gravo programas. Não ouço rádio, consumo músicas no MP3. A troca de arquivos (P2P) é muito grande. Sou early adopter", justificou.

A quarta tecnologia se refere a tablets. "Esses dispositivos estão na mão de pessoas que pagam por conteúdo". Segundo ele, há a perspectiva de que em 2015 os tablets vão superar os notebooks. Burgos referiu-se a uma pesquisa que mostrou que 84% dos usuários desses equipamentos recorrem a ele para jogar. "Você não trabalha melhor com ele, mas consome mídia de maneira mais agradável, você joga mais".

O ponto seguinte causou rumor na plateia. "A TV como você conhece não existe mais. Agora ela é apenas outra tela", disse. Burgos afirmou que o público mais novo não está mais acostumado a ligar a TV. Não sabem o horário da programação. "Vamos consumir tudo on demand. No Brasil, temos a promessa do Ginga, da TV digital com mais interação. Mas isso é bobagem. Daqui a três anos, as informações que seriam disponibilizadas assim serão irrelevantes porque para isso é melhor o tablet. As TVs inteligentes que o mercado está oferecendo agora são inúteis", afirmou.
Burgos comentou o crescimento do Netflix nos Estados Unidos. "Ele já superou a maior operadora de TV paga de lá. Pelo Netflix, você paga US$ 8 por mês para assistir o que quiser. Com isso, qual o sentido da pirataria existir? Ela vai acabar", acrescentou.

O sexto e o sétimo pontos se referem não à novidades tecnológicas em si, mas a duas empresas: a Apple e o Google. "A Apple tem um grande poder. Faço uma previsão arriscada. A próxima novidade não virá exatamente da Apple, mas tem alguma compra que ela fizer. Ela pode gastar os US$ 65,8 bilhões que tem adquirindo coisas interessantes". Sobre o Google, Burgos disparou outra fase que provocou barulho na plateia: "De longe, a melhor inovação que se fez na propaganda foi a publicidade atrelada às buscas". Ele pontuou que a companhia de Mountain View tem investido na automação de carros. "Eles acreditam que o fato de a gente dirigir um carro é um acidente da tecnologia. A ideia deles é ter um automóvel dirigido por computador. Estão fazendo mais por isso do que qualquer montadora".

Finalmente, a oitava tecnologia que Burgos ressaltou no painel foi o marketing sem intermediários entre marca e consumidor. Ele citou o case Nike Plus como exemplo desse posicionamento. "Uma das coisas mais geniais é a empresa desenvolver conteúdo para as pessoas. Como as marcas vão chegar até o público? Como fornecedora de conteúdo", reforçou. Burgos afirmou que a Nike lançou um aplicativo para para que correr fosse mais divertido.

"Quando a gente fala de marketing não mediado, a gente fala de poder da nova mídia. Sucesso ou fracasso dependem menos de um filme de 30 segundos e mais da estrelinha dada pelo consumidor a um produto ou pelas coisas que se relacionam com ele. Pode parecer bizarro, mas o conselho é que as marcas têm de se concentrar em fazer bons produtos. E podem ser mais simpáticas", afirmou.

 

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