quarta-feira, 16 de março de 2011

JAC quer morder mercado de grandes montadoras no Brasil

A montadora de veículos chinesa JAC começou oficialmente a vender seus carros no Brasil, país que se tornará seu segundo maior mercado no mundo com a abertura simultânea de 46 concessionárias na sexta-feira e 80 até o final do ano. A marca, uma das dez maiores montadoras na China, firmou parceria de dez anos com o grupo brasileiro SHC, do empresário Sergio Habib, o mesmo que trouxe a francesa Citroen para o Brasil e que atualmente também vende superesportivos de luxo como os da Aston Martin no País."Estamos no mesmo ramo, veículos. Temos 5 mil pessoas trabalhando nisso no Brasil. No caso da JAC, estamos no segmento onde tem volume, de carros de R$ 30 mil a R$ 40 mil," afirmou Habib enquanto prepara sua rede de concessionárias para começar a vender de 2 mil a 3 mil unidades por mês, ritmo que será acelerado para 4 mil a 5 mil até o final do ano.O objetivo a "médio prazo" é obter uma fatia de 3% do mercado brasileiro, quarto maior do mundo, disse Habib, evitando falar em prazos específicos. Essa participação atualmente é detida pela própria Citroen e pela Peugeot, que em 2010 venderam 81,2 mil e 77,7 mil automóveis, respectivamente. Até o final de 2011, a JAC quer comercializar 35 mil veículos no País, dos quais 6 mil já chegaram da China. Para 2012, a expectativa é de vendas entre 60 mil e 70 mil carros.Uma fábrica da marca no País, no entanto, não está nos planos imediatos. "Não dá para falar em fábrica sem vender 100 mil carros (por ano)", disse o empresário, acrescentando que uma possível instalação futura poderá ser erguida em Suape (PE), onde a Fiat vai construir sua segunda fábrica de carros no Brasil. A estratégia é diferente da adotada pela rival também chinesa Chery. A marca, recém-chegada ao mercado brasileiro, já anunciou investimento de US$ 400 milhões para ter uma fábrica no País que deverá começar a produzir em 2013, quando espera conseguir 3% das vendas carros do Brasil.O grupo de Habib está investindo cerca de R$ 380 milhões para vender os carros importados da JAC no Brasil, sendo R$ 140 milhões voltados a uma campanha que contratou o apresentador Fausto Silva como garoto-propaganda. O empresário disse que a aversão dos brasileiros com relação à qualidade dos produtos chineses vem caindo e aposta em preço, garantia de seis anos e itens de série como ABS e airbags nos carros da JAC como chamariz para os consumidores."Dois anos atrás, 52% de nossos clientes afirmavam ter resistência (em comprar um carro chinês), um ano atrás isso caiu para 35%," afirmou Habib. "O que aconteceu é que a crise financeira global de 2008 projetou o Brasil no exterior, mas também fez a mesma coisa com a China". Mas para garantir que o gosto do brasileiro será satisfeito por veículos produzidos do outro lado do globo, a equipe do empresário pediu à JAC cerca de 240 alterações nos quatro primeiros modelos que serão vendidos no Brasil. As mudanças vão desde troca de palhetas limpadoras de para-brisa - o modelo original fazia um barulho "irritante," segundo Habib - passando por material para isolar a cabine de ruídos e endurecimento de suspensão para enfrentar as esburacadas ruas brasileiras. Os pedidos acabaram incentivando a JAC a vender uma nova versão do hatch J3, chamada de "samba," na China, disse ele.Além do compacto J3, nas versões hatch e sedã, a JAC começa a comercializar no Brasil nos próximos três meses a minivan J6, para depois iniciar vendas do sedã J5 "que vai concorrer com o Corolla (Toyota) e com o Civic (Honda)," disse Habib. Mas o foco da marca é abocanhar participação das quatro maiores montadoras do País: Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford, que estão há décadas no Brasil e atualmente trabalham para ampliar capacidade no País."Quem perde é quem tem para perder. Em nenhum país aberto do mundo quatro montadoras têm 70% do mercado. O consumidor quer uma experiência diferente. O Brasil é o único país do mundo em que um carro tem 10% do mercado," disse Habib referindo-se ao Volkswagen Gol, que em fevereiro registrou vendas de cerca de 21 mil unidades."Hoje existem mais de 300 modelos sendo vendidos no Brasil. Anos atrás eram 20. As montadoras estão perdendo mercado porque o consumidor quer coisa diferente," acrescentou o empresário. Sobre eventuais medidas do governo para conter a apreciação do real contra o dólar, que tem motivado um salto nas vendas de carros importados no Brasil, Habib afirmou que tem negociado com a JAC na China volumes para entrega até setembro.

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