sexta-feira, 4 de março de 2011

Debênture toma lugar de ação no setor imobiliário


 
Emissão de papéis de renda fixa cresceu 55% no ano passado, atingindo R$ 5,53 bilhões, enquanto a de renda variável caiu.  

Praticamente nulo até meados da década passada, o mercado de debêntures da indústria da construção civil deu um verdadeiro salto no ano passado.

As emissões destes papéis de renda fixa pelas empresas da cadeia do setor cresceram 55% em relação a 2009 e passaram a representar, de fato, uma alternativa viável de captação de recursos.

O total levantado com as 23 ofertas - públicas e de esforços restritos - em 2010 bateu os R$5,53 bilhões, contra 3,57 bilhões no ano anterior, segundo o Anuário de Securitização e Financiamento Imobilliário preparado pela consultoria Uqbar.

A trajetória crescente dos instrumentos de renda fixa contrastou com a queda do uso da renda variável pelo segmento imobiliário - em um ano de agito na construção civil e de retomada geral das operações na bolsa, após passado o trauma da crise financeira internacional de 2008.

Foram apenas seis as ofertas de ações feitas pelo setor no ano passado, duas das quais foram aberturas de capital (da Aliansce Shopping Centers e da BR Properties), captando um total de R$ 3,63 bilhões.

O valor representa pouco mais que a metade do volume levantado pela indústria da construção com renda variável em 2009 (R$ 6,87 bilhões) e um quarto de 2007 (R$ 12,27 bilhões), o ano do boom de ofertas iniciais do setor na BM&FBovespa.

A tendência na estratégia de captação das empresas do setor em 2010, segundo a Uqbar, "refletiu condições de mercado que indicaram um custo comparativo melhor para emissão de dívida versus equity". De um lado, importou o nível médio dos juros ao longo de 2010.

"Os juros, no ano passado, estiveram mais baixos se comparados com a média histórica, o que provavelmente contribuiu para a opção pelas debêntures", explica o sócio da consultoria, Pedro Junqueira.

Por outro lado, vindas de capitalizações grandes em 2007, as empresas do segmento puderam optar pela emissão de dívida em detrimento da divisão do seu capital - e do potencial de ganho embutido nele - com novos investidores.

Há ainda o fato de que, em geral, uma colocação de debêntures é menos traumática para a companhia do que uma operação de ações. "Lançando renda fixa, é possível preservar as cotações das ações e os interesses dos minoritários", avalia o analista de construção da corretora SLW, Erick Scott. A diluição de uma capitalização usualmente impacta os preços para baixo.

Daqui por diante, dois fatores preponderantes determinarão a continuidade do crescimento das debêntures na indústria imobiliária: a dinamização das negociações no mercado secundário e o andar dos juros. "A expectativa de alta funciona como uma força contrária à elevação dos volumes", avalia Junqueira.

Alternativas de captação

Protagonista da economia no ano passado, o setor da construção obteve financiamento às atividades de variadas fontes, além das emissões de debêntures e ações.

O anuário da Uqbar aponta que só do Orçamento Geral da União vieram R$ 48,46 bilhões. Outros R$ 27,55 bilhões saíram do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), enquanto o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) entrou com R$ 55,99 bilhões.

Já a emissão de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) - papéis de renda fixa lastreados em financiamentos imobiliários - trouxe R$ 39,06 bilhões para o setor. Houve destaque ainda nos fundos imobiliários, que levantaram R$ 4,07 bilhões, e nos lançamentos de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), em um total de R$ 8,5 bilhões.

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